domingo, 30 de novembro de 2008

Universo






Que terrível perda de espaço seria, se fossemos a única civilização do Universo!

Cada dia é mais evidente que partimos


Cada dia é mais evidente que partimos
Sem nenhum possível regresso no que fomos,
Cada dia as horas se despem mais do alimento:
Não há saudades nem terror que baste.


Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 28 de novembro de 2008


Passeio – A glicínia

Na mão em concha o cacho perfeito.
Da outra, entre os dedos o perfume edulcorado
Das pétalas da glicínia malva ripada entre as grades
Esvai-se.
Simplesmente volátil.
Algo estonteada
Inspiro profundo
A instância que acena e desliza
Em mil sensações agarrada.


Vencedora do concurso Literário DAR VOZ À POESIA (12ª edição)

Profª Maria de Fátima Canarias Abreu

Eles vieram...


Maiakovski


Na primeira noite, eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam o nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra sòzinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.





Depois de Maiakovski…





Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho o meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)



Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...

Martin Niemöller, 1933
- símbolo da resistência aos nazis.

(enviada pela Professora Helena Seixas)

Cavalo à solta


Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.




Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Eça agHora





Disse João da Ega,
Que não era um primo
A campanhas alegres dado,
Depois que encontrou
Carlos, no avistado arrimo
Do Turf, num Rossio ultrapassado
Pelos anos em que ensonou
Num País de lupanares e calotes,
E de malandros aos magotes,


Num País de corridas falazes
E de vestidos sérios de missa,
Com jornais bafientos
E de artigos rançosos
Lidos por uns tantos rapazes
De futuros pachorrentos
E costumes ociosos:


«-Falhámos na vida, menino!»


E os tempos verbais trocados
Ensinam a História redita,
Desde os serões iluminados
Pelas lições da monarquia,
À juventude nérvea de sabedoria
E impaciência liberal,
Que corre num vai-vem
Num outro aterro irreal
Aquém delirante do trem
Que nem sempre alcançamos.


E assim vai o País de quem promete
Lançar carris em largueza
Para deixar de vez a charrete
E permanecer na certeza
Das falas finais que relembramos:





«-Ainda o apanhamos!»

Hélder Ramos

25.XI.2008

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ser poeta




Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!


É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!







É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

FEIRA DO LIVRO 2008




Neste Natal ofereça BONS LIVROS!

Óptimas oportunidades !

Data:28 de Novembro a 5 de Dezembro

Local:Biblioteca
Horário: 9.00h às 17.00h



Concurso nacional de leitura


1ª fase a nível de escola
Obras de leitura a concurso

Ensino Básico
-“História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar” de Luís Sepúlveda - “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá” de Jorge Amado - “Saga” – conto de Sophia de Mello Breyner
Ensino Secundário
- “Singularidades de Uma Rapariga Loura” – conto de de Eça de Queirós - “ Fronteira” – conto de Miguel Torga - “O Último Voo do Flamingo” de Mia Couto

Calendarização
1ª Fase- Escolas: 15 de Outubro de 2008 a 9 de Janeiro de 2009 2ª Fase- Bibliotecas Públicas: Fevereiro e Março de 2009 3ª Fase- Provas Finais: Maio de 2009
Participa! Pede a ficha de inscrição na Biblioteca!
Os prémios são excelentes!

Consulta o regulamento: http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/upload/regulamento_cnl.pdf

quinta-feira, 20 de novembro de 2008


Os amigos da BE sugerem!


O Segredo do Rio

Miguel Sousa Tavares


Resumo: À inquietação de um dos filhos em saber por que é que as estrelas não caem do céu, Miguel Sousa Tavares escreveu O Segredo do Rio, um conto que é já uma referência obrigatória na literatura infantil em Portugal. Mas que segredos pode esconder um rio? À primeira vista, esta é a história de amizade entre um rapaz que vive sozinho no campo e um peixe (uma carpa) que vive no ribeiro para onde o rapaz ia brincar. No final, percebemos que o grande segredo do rio está consagrado na gratidão que os une. Esta é uma obra de aprendizagem da vida e dos seus mistérios, das relações humanas e da descoberta de sentimentos.


"Era uma vez um rapaz que morava numa casa no campo. Era uma casa pequena e branca, com uma chaminé muito alta por onde saía o fumo da lareira, que no Inverno estava sempre acesa, e que servia para cozinhar e para aquecer a casa..."
(Sugestão de: João Almeida, nº15-7D)

terça-feira, 18 de novembro de 2008


LER É CONSTRUIR

O prazer de ler nem sempre é consentâneo com a necessidade de aprender. Não faz mal assumir que um óptimo leitor pode muito bem aprender por si, qualidade que determinados escritores têm à saciedadede. Ler implica mobilizar o previamente mobilizável, de forma sempre diferente e audaciosa. Nesse sentido, qualquer acto de leitura é, per si, um acto subversivo, na medida em que nos impele a reformular o adquirido, ora de maneira equilibrada, ora através de rupturas mais ou menos conciliáveis. E é exactamente entre os equilíbrios e as rupturas que se vai consolidando a nossa personalidade, moldada pelas escolhas conscientemente aceites, na defesa dos nossos interesses e na conquista da esperada promoção social. Aceitar o desafio da leitura de um bom livro é um acto de crescimento são, ainda que a mensagem possa parecer desgastante, fastidiosa e rotineira. Temos de deixar que as palavras lidas façam em nós um efeito qualquer. Até mesmo incómodo, porque também as idades que vamos tendo servem para nos desinstalar do que já conhecemos.

Por Prof. Hélder Ramos

"Não deves ler o que te obrigam, mas o que escondem, porque aí está o mundo onde não querem que chegues." Bertil Stein, Um Discurso Emotivo

Mãe


- Mãe, gostas de mim?
- Gosto de ti até ao céu, meu filho.

- Mãe, se tivesse estado na tua barriga, gostavas mais de mim?
- Não meu filho, porque haveria de gostar? Tu estiveste dentro de mim, no meu pensamento e no meu coração.
O meu desejo de te ter, de te pegar, de ver o teu rosto era tão grande como uma barriga de grávida.


- Mãe, então tu dizes que gostas tanto de mim, que sou teu filho adoptivo, como do meu irmão que é teu filho biológico!
- Claro que sim. Quando estava à espera do teu irmão sentia-me muito feliz, porque ia ter um filho; não porque a minha barriga estava a crescer.
Há muitas maneiras de ter filhos: na barriga, no coração…
- Mãe, grávida no coração? O coração não tem filhos!
- Tem filhos sim, e foi lá que tu nasceste, é lá que estás a crescer e é onde vais ficar. Para qualquer lado aonde vá, levo-te sempre no meu coração.
- Ah! Então é mais importante o coração do que a barriga!
- Claro, meu filho. Mãe é aquela que te pega ao colo quando estás doente, que te pega ao colo mesmo quando lhe doem as costas e que te dá um beijo de boa-noite. Mãe é aquela que te ama…


In “Grávida no coração” de Paula Pinto da Silva

Prémio


Jacinto Lucas Pires distinguido com o Prémio Europa - David Mourão-Ferreira


O jovem escritor português ganhou o prémio com a obra 'Assobiar em Público', uma recolha de 22 contos, alguns inéditos.

'Assobiar em Público', de Jacinto Lucas Pires, foi a escolha do júri do Prémio Europa - David Mourão-Ferrreira, presidido pelo escritor Eduardo Lourenço.Trata-se de uma recolha de 22 contos, alguns inéditos, do jovem escritor. O livro será lançado no próximo dia 19, às 18h30, na livraria Pó dos Livros.Jacinto Lucas Pires, que nasceu no Porto em 1974, vive em Lisboa. Em dez anos, publicou quatro livros de teatro, cinco de ficção e um de viagens. O seu penúltimo livro, 'Perfeitos Milagres', foi considerado "surpreendente e divertido" pelo escritor José Eduardo Agualusa. O jornal 'Blitz' elegeu-o como um dos melhores romances publicados este ano.O Prémio Europa - David Mourão-Ferrreira visa difundir a língua portuguesa e as culturas dos países lusófonos, favorecendo a divulgação das obras dos autores premiados. Isso, através de um plano coordenado de traduções levado a efeito nos países da União Europeia e do Mediterrâneo. O Instituto Camões, a Universidade e a Câmara de Bari
e outras entidades italianas e estrangeiras patrocinam o prémio.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Livro do mês - Novembro


AS PUPILAS DO SENHOR REITOR
de Júlio Dinis




(...)
— Que tens tu, José? A modo que te estou estranhando! - exclamou o reitor, já um pouco impaciente.
— É que, Sr. Padre António, eu... a falar a verdade... queria dizer-lhe uma coisa.
— Pois dize, homem, dize para aí. Então deste agora em fazer cerimónias comigo?
— Eu sei o grande favor que o Sr. Reitor me faz ensinando o pequeno...
— Bem, bem, adiante; deixemo-nos agora disso. Se eu o ensino, é porque quero e gosto. O que estimo é que ele aproveite, como de facto aproveita; o mais são histórias.
— Pois muito agradecido. Mas dizia eu... sim... custa-me a explicar...
— Com S. Pedro! Fala, homem, dize lá o que tens a dizer.
— É que o rapaz a modo que é fraquito, e então...
— E então o quê ?
— Tenho medo que, estudando demais, me adoeça por aí, e ...
— Mas ele estuda demais?
— Não, senhor; mas... sim... queria eu dizer, que talvez fosse bom que o Sr. Reitor o demorasse menos na aula. Digo eu isto, mas se vir que...
— Sim, sim, mas então... vamos a saber, então ele demora-se muito?
— Não digo que seja muito. Tudo é necessário, bem sei...Mas... quero eu dizer... para quem é fraco como ele... Como sai às duas horas e vem só às trindades... e às vezes à noite fechada...
O Reitor ficou como se lhe caíra o coração aos pés, ficou... - diga-se a frase, visto que a autorizou quem podia - ficou desapontado. Das duas horas às trindades, e à noite cerrada, às vezes, quando ele lhe entrava em casa às três e lhe saía pouco depois das cinco! Tinha assim o padre de modificar duplamente o seu juízo - quanto ao rapaz e quanto a si - descrendo da conversão do primeiro e do seu próprio poder de catequese. Este sacrifício em duplicado, custou-lhe e conservou-o por algum tempo mudo. Esteve para contar ao pai a história toda, mas calou-se. Tinha um coração generoso afinal de contas e compreendeu que a revelação, iria afligir o velho.
— Tens razão, homem - limitou-se pois a dizer - Tens razão. O rapaz há de sair mais cedo. Eu olharei por isso. Mais alguns dias só, para chegar cá a um ponto que eu quero, e depois será como dizes.
E lá consigo dizia o bom padre.
— Deixa estar, meu Danielzinho, que eu hei de saber por onde tu me vais, depois que te mando embora. Deixa estar, deixa, que me não tornas a enganar, meu menino. (...)

14 de Novembro - Dia do Patrono

Homenagem a Júlio Dinis

És bela, sim, quando, corando, foges
Dum beijo perseguida
Ou quando cedes com mais pejo ainda
Mas na luta vencida
És bela, sim, quando, banhada em lágrimas
Soltas mimosas queixas
Ou quando, comovida por meus prantos
Já ameigar-te deixas
És bela, sim, à luz do sol-nascente
Regando tuas flores
Ou com os olhos no ocaso e o pensamento
No país dos amores
És bela sempre e o mesmo fogo acendes
No coração do poeta
És bela sempre, ó linda flor do prado
Ó mimosa violeta (concha)


sexta-feira, 7 de novembro de 2008




E se fosse luz?

a Sophia de Mello Breyner

A praia da tua memória
Fazia brotar palavras
Nas gerações inventadas

E o teu país tinha ondas
Conchas
E azuis leves

Que ainda se guardam nas páginas vivas
De poemas breves

06.XI.2008

Profº Hélder Ramos
Em Poesia, «Ao Pé das Palavra
Fotografia: Eduardo Gageiro

quinta-feira, 6 de novembro de 2008


Comemoração


Dia do Patrono

Vamos todos participar nas actividades!

PROGRAMA

  • Exposição de trabalhos alusivos a Júlio Dinis (8:25h-21:00h)
  • Triatlo – desporto escolar (9:00h)
  • Concurso sobre “Júlio Dinis e as Pupilas do Sr. Reitor” (9:10h-12:35h)
  • Palestra “Percurso das Famílias Inglesas no Porto”, pela Dra. Isabel Andrade (9:10h-9:55h)
  • Feira século XIX (produtos artesanais) (14:20h – 18:30h)
  • Peddy-paper sobre “Júlio Dinis e as Pupilas do Senhor Reitor” (14:20h)
  • Dramatização das “Pupilas do Sr. Reitor” (15:15h-16:00h)
  • Projecção do Filme “Francisca” de Manuel de Oliveira (15:15h)
  • Jogos Tradicionais (16:00h)
  • Magusto (16:00h)
  • Quadros Vivos alusivos à obra “As Pupilas do Sr. Reitor” (17:45h-18:30h)
  • Projecção do Filme “As Pupilas do Senhor Reitor” de Leitão de Barros (17:00h)
  • Confraternização da Comunidade Educativa (*) (18:30h-20:00h)
  • Rancho Folclórico de Alunos da Escola (20:00h- 21:00h)
(*) Lanche promovido pela Associação de Pais. Solicita-se a colaboração de toda a comunidade educativa (docentes, pais, encarregados de educação e funcionários), como forma de partilha.

Data: 14 de Novembro 2008

Horário: 8:25H às 21:00H

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Não deixem de visitar o sítio do Instituto Camões, sobre Ciência em Portugal, na secção "BJD recomenda"!
Campanha "Os Amigos da Leitura"


Como vem sendo hábito, a Equipa da Biblioteca promove uma recolha de livros não escolares, a partir da mobilização de toda a comunidade escolar.

O maior objectivo desta campanha é promover o livro e a leitura, a educação e a solidariedade.

O mote da campanha é " Ler um livro é um prazer, doar um livro é muito mais!"

Os livros deverão ter na 1ª página a menção de doação e ser entregues na biblioteca durante o 1º/2º Período.

Esta pode ser a sua colaboração para um mundo melhor e mais culto.

Gratos pela vossa colaboração!

Cartazes da associação 25 de abril

 Estes são alguns cartazes da Associação 25 de abril. Vê mais cartazes